Tivesse eu o dom de te escutar. Tivesse eu o dom de te amar. Assim sem amarras. Sem medos. Se eu fosse o vento corria livre pelo teu respirar. Sugavas-me. Respiravas-me e eu deixava.
Vejo-te mas não te sinto. Ouço-te mas não te reconheço o timbre. A tua voz sai macia, lenta e recorda-me um embalo.
O embalo do teu abraço quente. As mãos que já me arrepiaram e me afagaram. As mãos que me afastaram os cabelos do rosto e me deixaram ver-te.
Ver o reflexo dos meus olhos nos teus. E esquecer o mundo. Para lá do nosso olhar cúmplice o mundo roda [a correr]. Mas aqui, no meio dos nossos colos quentes e entrelaçados, o tempo e o mundo abrandam só para nos deixarem aproveitar a fugacidade desse momento.
Nós que sempre fomos um do outro, mas nem sempre soubemos.
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